Consciência Negra no “Paulo Freire”
(Texto e fotos: Áurea Cunha)
O Ponto de Cultura Tirando de letra realizou uma atividade diferente nesta manhã de quarta-feira, 18, no Colégio Estadual Paulo Freire, Vila C. O tema foi a Semana da Consciência Negra, que é comemorada em novembro, mês que registra a morte de Zumbi dos Palmares. Todos os alunos das turmas matutinas do período da manhã, em torno de 600 estudantes, reuniram-se na quadra da escola para assistir a apresentação do Grupo Maracatu Alvorada Nova. Além da expressão musical do grupo iguaçuense que cultiva raízes africanas da cultura brasileira, montou-se uma exposição e uma banca de leitura com poesias de autores negros. O material exposto serviu de base para um sarau, no qual os alunos participaram lendo poemas da coleção.
O Maracatu Alvorada Nova também pertence à rede iguaçuense de pontos de cultura desde o ano passado. O grupo desenvolve oficinas e apresentações que divulgam aspectos da cultura desenvolvida a partir dos africanos escravizados em terras brasileiras. O centro deste trabalho se dá através do resgate de sons e instrumentos peculiares, cantos de trabalho, além da expressão cênica através da dança, sempre permeando a identidade afro-brasileira.
No Colégio Paulo Freire, o mestre de bateria Alison Capelari, liderança do Alvorada Nova, contou um pouco da história do maracatu no Brasil, e a de seu próprio grupo. Também explicou detalhes de cada instrumento utilizado para compor o som que convida à ginga todo mundo que o ouve.
BANCA DE LEITURA – A exposição “Só Poesia, Autores de origem Afro” reuniu escritos de autores negros como Luis Gama, Castro Alves e Solano Trindade, Conceição Evaristo passados, à poesia de artistas negros mais contemporâneos, como Alzira Rufino e Sergio Vaz. Nos folhetos e nos cartazes a temática predominante foi a da afirmação de identidade racial. Apesar de modesta perante a riqueza da criação literária dos negros brasileiros, a banca de leitura do Tirando de Letra proporcionou uma aproximação dos estudantes com uma poesia de luta e resistência que, via de regra, não chegam ao conhecimento da juventude.
As boas iniciativas para romper isso, porém, devem ser festejadas. Para Sabrina Bomdia, pedagoga do Colégio, a atividade veio ao encontro dos trabalhos que estão sendo feitos naquela Escola desde o início do ano. Integrantes de uma equipe multidisciplinar estimulam os estudantes renovando informações sobre a cultura afro e a cultura indígena. “A importância desse tipo de atividade se dá pela socialização da cultura em um dos poucos pontos de encontro de pessoas da mesma idade, que é a escola, avalia a educadora.
Luiz Fernando Carvalho, 17, aluno do 2º ano do ensino médio, também destacou a interação propiciada pela atividade que os dois Pontos de Cultura desenvolveram em parceria. Segundo ele, as turmas e séries diferentes do Colégio tem poucas oportunidades de se reunir num mesmo espaço. Melhor ainda, raciocina, que tenha sido através de uma iniciativa cultural. Ele comenta: “o reconhecimento da Cultura Afro é primordial. A gente tem que primeiro conhecer nossas origens para depois nos tornarmos o que queremos ser”, concluiu.
UM POUCO DE HISTÓRIA –
Em 20 de novembro comemora-se no Brasil o Dia da Consciência Negra. Foi nesse dia, no ano de 1695, que morreu Zumbi dos Palmares. Este foi a liderança mais conhecida do chamado Quilombo dos Palmares, que se localizava na Serra da Barriga, atual estado de Alagoas. A fama e o símbolo de resistência e força contra a escravidão mostrado pelos palmarinos fizeram com que a data da morte de Zumbi fosse escolhida pelo movimento negro brasileiro para representar o Dia da Consciência Negra. A data foi estabelecida pela Lei 12.519/2011.
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´Fotos e texto: Áurea Cunha
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